Hoje, na UC, não há aulas para ninguém!



O Dia do Estudante que se comemora hoje, 24 de Março, e as diversas iniciativas que estão marcadas, seja em Coimbra, seja em outros pontos do país, constituíram o grande tema de debate do Alvorada. Logo depois da síntese informativa, pelas 9 horas, Vasco Batista, Maria Eduarda Eloy, juntamente com Fábio Silva e Joana Genésio, trouxeram aos microfones da Rádio Universidade de Coimbra (UC) os principais destaques da imprensa regional, nacional e também especializada, quer no desporto, quer na economia. No dia em que a imprensa nacional destacou a demissão de José Sócrates, após o chumbo do último Programa de Estabilidade e Crescimento por toda a oposição parlamentar.

Em estúdio esteve Henrique Paranhos, pelo movimento "Alternativa És Tu!" que, abandonou mais cedo o estúdio da RUC, para participar no boicote. Antes de sair, o estudante de Engenharia Civil da Faculdade de Ciências e Tecnologia da UC comentou o boicote às aulas na UC (a que se juntou também a Escola Superior de Educação de Coimbra) e a Assembleia Magna marcada também para hoje, às 18 horas, nos jardins da Associação Académica de Coimbra (AAC), mas que, em virtude das condições climatéricas, decorrerá no Teatro Académico de Gil Vicente (TAGV). Henrique Paranhos falou da importância do boicote, no sentido de mostrar, de forma concreta, as reivindicações dos estudantes e o seu descontentamento relativo à Acção Social Escolar e à diminuição significativa de bolsas, no seguimento do decreto 70/2010. Além disso, o representante do movimento "Alternativa És Tu!" fez questão de salientar que, para além da questão da ASE, é também importante que o dia de hoje sirva para relembrar todos os outros problemas com que o estudantes do Ensino Superior se deparam: propinas, prescrições, RJIES (Regime Jurídico das Instituições do Ensino Superior), entre outros.

Para além do boicote às aulas - aprovado em Assembleia Magna - foi também falado do acampamento do Conselho de Repúblicas (CR) - organismo que agrega 26 repúblicas coimbrãs - que foi montado na alta universitária, à entrada da Porta Férrea e junto às faculdades de Direito e de Letras da UC. Em comunicado, o CR diz apoiar o boicote, mas que a "iniciativa é paralela", alegando também divergência de métodos na forma de contestação. Pode ainda ler-se que "o objectivo é contestar as políticas actuais e exigir um ensino gratuito e de qualidade, para que este seja verdadeiramente público e universal".

Pouco depois juntou-se ao Alvorada, Samuel Vilela, coordenador-geral da Política Educativa da Direcção-Geral da AAC (DG/AAC) que, a propósito do acampamento do CR, referiu que o movimento estava a colocar alguns problemas ao boicote e ao seus propósitos. O estudante de 2º ciclo em Relações Internacionais disse que se pretendia que "o boicote fosse pacífico" e feito através dos piquetes e de panos negros junto às várias unidades orgânicas da UC. O facto de o CR estar a fechar a Porta Férrea a cadeado e com silicone estaria a colocar entraves à acção da DG/AAC, sobretudo quanto à colocação de um pano negro na torre da UC - A Cabra. Além disso, o elemento da DG/AAC falou sobre a participação "bastante positiva" dos estudantes e que o boicote começou a ser preparado logo a partir das três horas da madrugada, no qual os núcleos de estudantes da AAC tiveram um papel fulcral.

Sílvia Franklim prestou também declarações à RUC. A representante do movimento "Muda de Rumo!" disse que "a greve, enquanto acto de contestação, na UC é muito importante e será uma iniciativa que terá grande visibilidade e que há muito que já não acontecia na universidade". A estudante de Física referiu ainda que "esta será uma acção que nenhum governo gostará de ver e que a recente conjuntura política será bastante importante para atacar, já que agora o ferro está quente", referindo-se à demissão de José Sócrates.

Foram também destacados outras iniciativas a decorrer no país, organizadas por diferentes associações de estudantes e associações académicas. Para além da medida decidida em sede de Encontro Nacional de Dirigentes Associativos, este mês, em Coimbra, que se prende com o preenchimento do livro de reclamações da Direcção-Geral do Ensino Superior, destacou-se o panorama em Faro e em Lisboa. Na capital algarvia, a Associação Académica da Universidade do Algarve (UAlg) deslocou-se às dez da manhã ao Governo Civil para entregar à governadora Isilda Gomes um "Mural de Lamentações dos Estudantes da UAlg" que foi preparado durante a semana nos vários pontos da universidade. Os estudantes algarvios vão também entregar um cheque simbólico, no valor de 569, 18 euros, aludindo ao valor em que a bolsa foi diminuída do ano lectivo 2009/2010 para o actual. Já em Lisboa, a Associação de Estudantes da Faculdade de Ciências da Universidade de Lisboa (UL), em parceria com outras unidades estudantis, organizou desde ontem um acampamento na Alameda da UL que não tem fim marcado. O objectivo vai ser discutir em cada dia quando terminar com a acção.

O Alvorada regressa amanhã, à mesma hora.

Vasco Batista

Nota: Foto por Rafaela Carvalho (Jornal Universitário de Coimbra - A CABRA)

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